Cuidar dos filhos, dando suporte, educação e afeto, ao mesmo tempo que divide o tempo à frente dos negócios, é uma realidade que faz parte da maioria das empreendedoras do Tocantins. Dados do Sebrae apontam que pelo menos 61% das mulheres donas de pequenas empresas no Estado precisam conciliar a vida profissional com a maternidade e os afazeres domésticos.
Os dados do Sebrae também apontam que no Tocantins, 81% das mulheres já se sentiram sobrecarregadas por cuidar da empresa, dos filhos, idosos ou parentes, ao mesmo que estão à frente do empreendimento. As mulheres empreendedoras gastam em torno de duas vezes mais tempo diário em cuidados com pessoas da família e com afazeres domésticos, se comparadas aos homens. O tempo médio gasto pelas mulheres nesse tipo de atividade é superior a 3 horas diárias, já entre os homens, é pouco mais de uma hora e meia por dia. Greyce Kelly Andrade Silva, 35 anos, faz parte desta estatística. A empreendedora, que há seis anos toca três óticas em Palmas, cuida de dois filhos pequenos e do pai idoso, enfrenta desafios diários desde o início de sua jornada enquanto empresária. Segundo ela, ao abrir a primeira loja, teve que assumir sozinha o financiamento da empresa após uma parceria fracassada e logo depois, seu esposo faleceu na pandemia. "Meu psicológico ficou totalmente abalado. Não conseguia assimilar tudo que tinha acontecido comigo e meus filhos. Nesse momento, percebi que minha filha e eu precisávamos de terapia, mas só tinha dinheiro para pagar um psicólogo, então, claro, escolhi tratar da saúde mental dela", frisa.
A empreendedora também relata que enfrenta a cobrança, que ela julga estar relacionada ao fato de ser mulher. Questões como: ser uma boa mãe, uma ótima gerente e a filha exemplar. Diante de todos esses obstáculos, ela diz que é impossível não levantar questionamentos sobre seu trabalho enquanto empreendedora e dona de casa. "Eu não consigo me dividir em três, então estou sempre questionando minhas escolhas, enquanto exerço qualquer um desses papéis. Nesses momentos choro e logo em seguida engulo o choro e sigo a vida. Desse modo vou vivendo e empreendendo", conclui.
Renda
A pesquisa também revela que a necessidade de ter uma renda para sustentar os filhos influenciou mais a mulher do que o homem na hora de abrir um negócio no Tocantins. Segundo a pesquisa, 56% das mulheres tomaram a decisão de empreender devido a este fator. Entre os homens, o percentual foi de 48%.
O estudo ainda revela que 75% das empreendedoras já deixaram de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, idosos ou parentes que dependem de suas responsabilidades.
Desafios
Assessoria de Imprensa do Sebrae Tocantins