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Parceiros atendem a pedido de indígenas e encerram buscas na Ilha do Bananal

Mais de 20 agentes atuaram durante 14 dias na região, percorrendo cerca de 1500 hectares à procura do adolescente de 11 anos de idade

Por Luiz Henrique Machado em 05/02/2024 às 23:37:13
Foto: Divulgação/CBMTO

Foto: Divulgação/CBMTO

Bombeiros militares do Tocantins e parceiros encerraram as buscas ao adolescente Bruno Karajá, que desapareceu na Ilha do Bananal, há 15 dias. O fim dos trabalhos foi solicitado pelos próprios indígenas. O menino de 11 anos de idade morava com a família na Aldeia Macaúba.

As buscas encabeçadas pelos bombeiros militares tocantinenses começaram dia 22 de janeiro, assim que a Companhia Independente de Busca e Salvamento foi acionada. Desde então, dada à grande extensão e complexidade da área onde está localizada a Aldeia Macaúba, outros órgãos do Tocantins, bem como o Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, também se envolveram, enviando homens e equipamentos. Até mesmo os indígenas de várias tribos locais fizeram parte das ações, contribuindo como guias e apoiadores no transporte.

Pajés e anciãos da Aldeia Macaúba, bem como familiares de Bruno, paralisaram as buscas dia 31 de janeiro, porém, solicitaram que as equipes permanecessem por mais cinco dias. Na manhã desta segunda-feira, 05, depois de longas caminhadas pelas matas, os envolvidos retornavam para suas localidades.

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O coronel Peterson Queiroz de Ornelas, comandante-geral do CBMTO, se reuniu com representantes dos órgão envolvidos nas buscas, relatando a situação geral, avaliando e também agradecendo o apoio de todos. Quanto ao fim das ações, o comandante afirmou que "isso pode ser momentâneo, e a qualquer momento, diante de qualquer indício que houver, voltaremos a encaminhar equipes para o local e assim retomar os trabalhos".

A secretária de estado dos Povos Originários, Narubia Werreria, ressaltou o empenho dos envolvidos em campo, se dedicando dia após dia. "Estamos consternados junto com toda a família, mas temos que parabenizar a força-tarefa atuante nestas que foram as maiores, tanto em quantidade de dias, quanto em tamanho de área varrida. A comunidade é grata por tudo que foi feito", afirmou.

O trabalho foi acompanhado de perto também pelo superintendente regional da Fundação Nacional do Índio (FUNAI, Pedro Paulo Xerente, que esteve no encontro na sede do QCG. "Todos os recursos que estavam em poder das instituições foram usados, até acontecer o entendimento coletivo da suspensão da atividade, lógico que respeitando os limites técnicos para não haver conflitos com a questão cultural", pontuou Pedro Paulo.

Região complexa

Participando mais uma vez de uma missão de buscas, o subtenente Rafael Mollo, da Companhia Independente de Busca e Salvamento, relatou que "a região é complexa, tendo em vista ser de floresta amazônica densa". "Pela estatística, 95% das crianças de se perdem em mata são encontradas em um raio de até dois quilômetros, ou em alguma estrada nas arredores. E nós passamos, inicialmente, por todas as estradas nas proximidades das aldeias", conta Mollo, que teve apoio de dois cães e outros bombeiros. "Além disso, os indígenas também varriam outras áreas, que ampliavam o perímetro para cerca de cinco quilômetros", completou.

A força-tarefa, embora não tenha obtido o êxito almejado, contou com a parceria direta do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, Corpo de Bombeiros Militares do Mato Grosso, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IBAMA), Centro Integrado de Operações Aéreas do Estado do Mato Grosso (CIOPAER-MT), Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Tocantins (GRAER-TO), Centro Integrado de Operações Aéreas do Tocantins (CIOPAER-TO), e Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Equipes de buscas dos Corpos de Bombeiros Militares do Tocantins e Mato Grosso durante buscas por adolescente em estradas na Ilha do Bananal - Divulgação/CBMTO

Em números

Durante as buscas, 23 agentes dos dois estados e dos demais órgãos somaram esforços, sendo 09 militares do CBMTO, com mais 02 cães, 03 militares do CBMMT, com mais 02 cães, 03 agentes do IBAMA, 04 agentes do CIOPAER-MT, 02 policiais militares do GRAER-TO, 01 Policial civil do CIOPAER-TO, 02 agentes da Secretaria de Estado dos Povos Originários do Tocantins (SEPOT).

Ao longo dos 14 dias, mais de 220 hectares de área foram sobrevoados por drone e, em média, cada militar percorreu mais de 120 km de distância somente nas áreas de busca. Também foi feito um raio de mais de dois quilômetros e meio de busca com cães e busca humana, na modalidade varredura de área, além de percorridos de forma embarcada, mais de 40 km nas margens do Rio Araguaia.

As equipes fizeram buscas em duas áreas de interesse diferentes, sendo a Aldeia Macaúba, com uma área total 1261 hectares, e a Aldeia Wutaria, com 322 hectares.

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