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Participação de mulheres trans na política é abordada em roda de conversa do +Mulher +Democracia

Evento foi realizado pela Justiça Eleitoral do Tocantins

Por Ascom/TRE-TO em 29/06/2022 às 16:39:50
Foto: Divulgação/Ascom/TRE-TO

Foto: Divulgação/Ascom/TRE-TO

No Dia do Orgulho LBGTQIA+, celebrado nesta terça-feira (28/06), a Roda de Conversa do Programa +Mulher +Democracia foi espaço para um importante debate a respeito da presença da mulher trans na política. Evento foi realizado em Araguaína e contou com a participação de quatro debatedoras.

A bandeira LGBTQIA+ foi levantada pela professora e mestranda Lucrécia Borges Barbosa, uma mulher trans que defende a igualdade de oportunidades nos espaços de poder para que todas as minorias em direitos possam ter voz. "Estamos completando 53 anos de uma data muito cara a mim, de uma revolução que começou em 1969 visando o respeito às pessoas LGBTQIA+, que ainda hoje têm uma mobilidade reduzida, de ir e vir aos espaços; essa é uma luta de todos e a gente não pode se calar diante do machismo e da transfobia institucional", frisou.

Mediando a roda de conversa, a coordenadora do Programa, juíza membro substituta do TRE-TO, Edssandra Barbosa Lourenço, destacou que a inclusão do nome social no título eleitoral é um direito assegurado pela Justiça Eleitoral desde 2018. "Esse é um avanço, permitindo que a pessoa seja identificada pelo nome como é socialmente reconhecida, para que possa votar ou ser votada" , afirmou.

Concordando, Lucrécia compartilhou sua experiência em relação ao uso do nome social. "Quando eu tirei meu título com o nome social eu refleti sobre como eu teria a oportunidade de votar sem ficar constrangida em ter que usar o meu nome civil; e que a partir daquele momento eu iria exercer a minha democracia", disse.

Lutas femininas

Debatedora do evento, a juíza eleitoral da 34ª Zona Eleitoral de Araguaína, Cirlene Maria de Assis Santos Oliveira, fez um apanhado histórico das conquistas das mulheres ao longo dos anos, como o direito ao voto feminino e a recente lei que criminaliza a violência política de gênero. Neste sentido, a magistrada exemplificou algumas formas de violência que as mulheres sofrem, especialmente as ameaças contra as candidatas negras e trans. "Dentre algumas formas de combater a sub-representação feminina destaco a igualdade de gênero no parlamento, ações afirmativas por meio de cotas efetivas e a transformação da estrutura de representação, afinal as mulheres são maioria do eleitorado", afirmou.

Já a orientadora educacional Rogeane Correia de Sousa alertou em sua fala a falta de representatividade na mulher negra nos espaços de poder. Segundo dados do IBGE/2019 apresentados por ela, 66% das mulheres assassinadas são negras. "Antes de tudo, as mulheres negras têm que lutar pela sobrevivência. E se estão lutando pela sobrevivência ainda, como chegar à política, que é um espaço prioritariamente masculino, branco, de pessoas com maior poder econômico? O machismo e o racismo estrutural enfrentado por todas as mulheres dificulta a participação e ampliação das mulheres nesse debate", frisou.

Neste contexto, Rogeane ainda ressaltou o poder da educação para transformar vidas, fortalecer a diversidade e empoderamento das mulheres. "A participação da mulher já é uma realidade há muito tempo, 90 anos; mas quanto falta ainda para a gente alcançar essa igualdade? Se não for feito nada, vai levar no mínimo 100 anos para essa igualdade. Por isso a importância desse programa, para acelerar esse processo", constatou.

Encerrando os debates, a juíza membro do TRE-TO, Delícia Feitosa, que também já atuou como professora e educadora em Araguaína, ressaltou o papel das mulheres como agentes transformadores da sociedade e destacou a importância de se propagar "uma mensagem de igualdade de direito, de cidadania e democracia".

Dra Delícia também aproveitou o momento para promover uma reflexão a respeito da história. Ela lembrou que em 1532 os homens já participavam do processo eleitoral; e somente 400 anos depois a mulher teve o direito de votar e ser votada, em 1932. A juíza ainda citou o exemplo de Alzira Soriano, a primeira mulher eleita prefeita na América Latina em 1928. "Ela é uma inspiração porque em uma época em que sequer a mulher podia votar e ser votada, ela já era eleita prefeita. Era uma mulher que estava à frente do seu tempo; na posse dela só tinha homens e essa imagem para mim é a representação do poder feminino, de uma mulher que nos inspira e nos mostra que é possível, que temos a capacidade de conquistar todos os espaços e, de fato, o lugar da mulher é onde ela quiser", concluiu.


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