Araguaína cria comitê para assistência aos venezuelanos e pessoas em situação de rua

Primeira reunião foi realizada nessa segunda-feira, 28, com diversas instituições governamentais e civis; ação busca reduzir vulnerabilidade social

Por Marcelo Martin em 29/06/2021 às 16:26:24
Foto: Divulgação web

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Buscando aprimorar suas ações e atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade social, a Prefeitura de Araguaína reuniu diversas instituições governamentais e civis na busca por uma atuação conjunta e coordenada. As ações estão sendo organizadas e discutidas por meio do recém-fundado Comitê Municipal Consultivo de Assistência Emergencial, coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação e teve sua primeira reunião realizada nessa segunda-feira, 28, em modo remoto.

Foco inicial das discussões são os 105 indígenas da etnia Warao, imigrantes venezuelanos que atualmente residem em Araguaína, no Setor Tiúba. "A assistência social é tripartite, entre Município e governos Estadual e Federal. Nós precisamos nos unir para investimentos nessas pessoas e discutir as abordagens, porque é uma situação muito diferente do que estamos habituados", explicou o secretário da Assistência Social, José da Guia.

A Assistência Social, por meio de ações de conscientização, conseguiu que as 17 famílias realizassem seu cadastro junto ao CadÚnico, possibilitando os benefícios do Governo Federal, o que garante alguma renda às famílias. Enquanto isso, o comitê se mobiliza para traçar um plano de atuação, que inclui ações de capacitação para que as famílias possam gerar renda própria.

Foco inicial das discussões são os 105 indígenas da etnia Warao, imigrantes venezuelanos que atualmente residem em Araguaína, no Setor Tiúba


Até o momento, a atuação da Funamc (Fundação de Atividade Municipal Comunitária) tem buscado garantir segurança alimentar a essas pessoas por meio da doação de dezenas de cestas básicas e cestas verdes.

Desafios culturais
Para o procurador Thales Cavalcanti Coelho, do MPF (Ministério Público Federal), o principal motivo para imigração do povo Warao é a grande situação de miserabilidade na qual se encontra seu país natal e que é preciso respeitar as diferenças culturais. "Eles têm um conceito de família diferente. Todos têm responsabilidades de proteger e educar as crianças. Outro traço cultural relevante é que eles consideram pedir dinheiro na rua, uma atividade digna econômica e por isso vemos de maneira bem difundida".

O professor linguista da UFT (Universidade Federal do Tocantins) Francisco Edviges ressaltou que por não terem conhecimento do nosso idioma e as diferenças culturais, questões que podem parecer de fácil solução são um desafio. "Eles sentem vergonha de falar para o médico ou médica suas doenças".

O educador ressaltou ainda a importância de se considerar a instalação de uma sala de aula exclusiva, já que a tentativa de inclusão imediata em nosso sistema educacional traria prejuízos, em termos de aprendizado e cultura.

Dados
Os 105 estão divididos entre 18 famílias, compostas por homens (38), mulheres (24), crianças com menos de 14 anos (38), adolescentes de 14 a 17 anos (2), idosos (2) e autodeclarado transsexual (1). Dentre as mulheres, há quatro grávidas. Outra pesquisa realizada pela Assistência Social indica que dos 105, 84 têm CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e 21, não.

União de forças
O comitê foi criado pelo prefeito Wagner Rodrigues, com Decreto 052, que foi publicado no Diário Oficial de 21 de junho. O grupo, que tem gestão da Secretaria Municipal da Assistência Social, Trabalho e Habitação, é composto pelas também secretarias municipais da Saúde, Educação, Captação e Gestão de Recursos, Procuradoria Geral do Município, Demupe (Departamento de Postura e Edificações), instituições de ensino superior, polícias Civil, Militar e Federal, ministérios públicos Federal, Estado e do Trabalho, DPE (Defensoria Público do Estado), Conselho Tutelar, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), FUNAI (Fundo Nacional do Índio), NUAMAC (Defensoria Pública do Estado) e entidades religiosas. Além desses descritos do documento, participaram também da reunião representantes da Procuradoria Geral do Estado e Ministério da Cidadania.

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